Casa Chico e Alba Liberato
Esta casa fala pelo vento que entra e sai livremente por suas portas e janelas, abertas quando o sol nasce até a hora de deitar. Nasceu casa de roça, o ruído urbano não rompe sua simplicidade. Fala direto ao coração, qualquer um que nela circula sente, não é fala secreta, é clara, direta. Fala de sua vocação, acolher com alegria a vibrátil presença de cada um. Torna- se inevitável portanto, aqui perceber, crescer, expandir, prosperar, dar frutos. Tem sido assim.
Dança de folhas dia e noite permeando claridades. Noites de lua compartilhadas em silêncio nos perfumes do pátio com as flores desabrochadas pela manhã. Celebrações na grande mangueira ao redor da fogueira, torés e poesias, cirandas e conversas. Tardes quietas aos domingos, o quintal pulsando secretamente o ritmo da natureza. O topo das árvores colhendo frutos e horizonte de mar ao longe. A intimidade das árvores-mães no relance da madrugada, a cajazeira, as jaqueiras, o jenipapeiro, os abacateiros, as pitangueiras velhas matronas e as jovens brejeiras. Momentos em que a fala da casa é inequívoca, qualquer um que aqui permaneça entende.
E todos esses dons a casa os aflora preparando o sentimento para o que destaca sua alma. A nobre roupagem que cobre as paredes em cores de mestre que a construiu e desde sempre a adorna em novos significados com sua companheira. Chico e Alba e a família gerada em abraço de natureza. Aqui benvindos, deixem-se banhar pela luz que chega ao seu centro, o âmago, o pátio de rezos para comer e curar. Deste lugar cada contribuição pode se irradiar para o mundo em forma de beleza e paz, declarando quem somos nestes trópicos em que cultura e civilização constroem futuras fraternidades.